Quarta-Feira, 11 de Junho de 2025, 18h43 1e3h1m
MORADOR DE SORRISO
Com doença rara, criança consegue na Justiça tratamento na Tailândia
Terapia regenerativa não existe no Brasil e tem custo estimado de R$ 171 mil; Estado e Município devem pagar
Da Redação
A Justiça de Mato Grosso acatou o pedido da Defensoria Pública do Estado (DPMT) e determinou, na última segunda-feira (09), que o Município de Sorriso (a 397 km de Cuiabá) e o Estado de Mato Grosso forneçam um tratamento experimental com células-tronco realizado por uma empresa de biotecnologia de Bangkok, capital da Tailândia, a uma criança de 5 anos.
A criança é portadora de hipoplasia do nervo óptico bilateral, associada ao atraso global de desenvolvimento, que afeta os nervos ópticos e pode levar à cegueira total. De acordo com o relato médico, a enfermidade é rara, de alta complexidade, congênita e degenerativa.
Reprodução
Conforme a decisão, os entes públicos devem custear todo o procedimento, incluindo o transporte aéreo, hospedagem e alimentação, com um acompanhante, além de eventuais retornos necessários, bem como todos os demais exames, medicamentos e procedimentos necessários, no prazo máximo de 60 dias.
O tratamento inovador, que não é oferecido no Brasil, inclui a aplicação de seis injeções de células-tronco, com um custo total estimado de R$ 171,5 mil – a terapia, que dura cerca de 15 dias, contempla também sessões de fisioterapia e acupuntura.
Reprodução
Entenda o caso
A ação de obrigação de fazer, com pedido de tutela antecipada de urgência, foi protocolada pela defensora pública Laysa Bitencourt Pereira em setembro de 2023.
“É de extrema importância para a criança e família, já que todas as alternativas terapêuticas disponíveis no Brasil foram esgotadas e, sem o novo tratamento, a criança irremediavelmente caminhará para a cegueira total”, destacou.
A defensora conta que a família procurou o Núcleo de Sorriso da DPEMT relatando que o filho tinha essa doença rara e degenerativa e, após muitas pesquisas, localizou um tratamento experimental na Tailândia e conseguiu a carta de aceitação no programa.
“Todavia, o valor para custear as agens e hospedagens era muito elevado para a família, que já tinha tentado ajuda perante o município, sem sucesso, e tinha sido orientada a nos procurar”, disse.
Com isso, a Defensoria Pública buscou algum precedente que pudesse sustentar o pedido e foi localizado um caso semelhante em Cuiabá, que foi usado como referência.
“Desde o início, existiu muita dificuldade até mesmo para obter os laudos médicos que atestassem a falta de alternativas terapêuticas no Brasil. Não conseguimos a liminar inicialmente, recorremos e somente agora, em sede de sentença, veio o deferimento do pedido”, relatou.
Assim que recebeu a notícia sobre a decisão judicial favorável, a mãe dele, J.B.C., 29 anos, não conseguiu conter a emoção.
“Recebi a ligação ontem, informando sobre a decisão. Fui para o trabalho chorando. Graças a Deus, eu não parei, confiei na Defensoria e não desisti”, revelou.
Moradora de Sorriso, ela conta que quando o filho tinha 3 meses de vida a família notou que havia algo errado na visão do bebê, pois ele não conseguia fixar o olhar em nada.
“Fomos para Cuiabá, para uma consulta com um neuro-oftalmologista, que disse que não tinha tratamento no Brasil e que teríamos que esperar até os 7 anos. Não satisfeita, pesquisei na internet e achei esse tratamento com células-tronco na Tailândia”, contou.
Em seguida, ela encontrou esperança ao saber de outras duas mães, uma de Mato Grosso do Sul e outra de São Paulo, cujos filhos fizeram o tratamento na Tailândia com sucesso.
A terapia consiste em um protocolo de injeções de células-tronco para tratar uma ampla variedade de condições de saúde, realizada em parceria com o Better Being Hospital, na capital tailandesa.
“O menino de São Paulo voltou a enxergar, está usando óculos e tem uma vida normal. Meu filho está no pré e não consegue segurar um lápis direito. Tenho uma filha mais nova, de 4 anos, e ela já está escrevendo. Ele enxerga muito pouco, brinca sozinho nos cantos”, revelou.
Com o ar dos anos, a mãe afirmou que o atraso no desenvolvimento do filho vem piorando progressivamente.
“Meu filho me perguntou se vai ter um parquinho para brincar lá e eu disse que sim. A viagem ainda não tem data marcada, mas já avisei a escola, estou me organizando. Em agosto, ele vai fazer 6 anos. A única esperança que tenho é esse tratamento”, arrematou.
Justiça não vê compra de votos e julga ação contra prefeito e vice improcedente
Sexta-Feira, 13.06.2025 15h23
Filho de vítima de homicídio atua em júri de algozes do pai: condenação
Quinta-Feira, 12.06.2025 20h00
Empresa é condenada a pagar R$ 15,7 mil para estudante que teve festa cancelada
Quinta-Feira, 12.06.2025 15h22
Advogado réu por morte de empresária no Lago do Manso vai a júri popular
Quinta-Feira, 12.06.2025 15h20
MP pede prisão de PMs suspeitos de forjar confronto para encobrir crime
Quinta-Feira, 12.06.2025 12h10